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Luísa Ribeiro Lopes, presidente do .PT: “É mais exigente ser mulher nesta área, temos menos oportunidades e precisamos de provar mais”

Define-se como uma jurista com cabeça tecnológica e sublinha que “a liderança parte de nós”. Luísa Ribeiro Lopes, a presidente do .PT, a entidade responsável pela gestão dos domínios de internet em Portugal, é advogada de formação mas foi nas tecnologias que fez carreira, vencendo preconceitos que continuam difíceis de ultrapassar. Ocupa a cadeira do líder, esta semana, no podcast “O CEO é o limite”

Escolheu o seu percurso de carreira numa altura em que “as raparigas estudavam Humanidades e os rapazes estudavam Ciências” e sublinha que “isto não era questionável”. À distância de várias décadas, confessa que não sabe se teria uma escolha diferente. Não só porque o curso de Direito lhe deu a amplitude de pensamento e as bases necessárias para o percurso de carreira que construiu, mas também porque entende “que não é necessário ter uma base tecnológica para poder gerir uma entidade tecnológica”.

É o que Luísa Ribeiro Lopes, presidente do .PT, a entidade responsável pela registo de todos os domínios de internet em Portugal, tem feito ao longo da carreira. Formada em Direito, a tecnologia é para Luísa uma paixão de longa data. Soma mais de 25 anos de experiência na liderança de projetos digitais, tanto no setor público como no privado. Desde 2013 que é o rosto da entidade responsável pelo registo de domínios nacionais, mas teve anteriormente outras missões. Liderou o grupo de trabalho centrado no ‘bug’ do ano 2000, “em que achava que os computadores todos se desligariam na viragem de 1999 para ano 2000”, recorda. E até março deste ano líder da iniciativa nacional de competências digitais (a INCODE.2030).

Defensora da igualdade de género nas carreiras tecnológicas e da capacitação digital para ajudar profissionais e empresas a prepararem-se para a economia do futuro, Luísa Ribeiro Lopes reconhece os progressos feitos em ambas as matérias, mas admite que há muita estrada ainda a percorrer.

Para as mulheres, sublinha, o caminho para vingar no universo tecnológico continua a ser mais difícil: “custa mais ser mulher nesta área – e eu diria que quase em todas as áreas -, custa mais fazer o nosso percurso e é mais exigente. Temos menos oportunidades e quando as temos se as agarramos, temos que provar mais”.

Defende por isso que se derrubem estereótipos e que se comece a atrair as mulheres para carreiras tecnológicas, logo no primeiro ciclo do ensino básico “quando os estereótipos ainda não são tão vincados”. E aponta: “estamos a fazer um percurso, mas de uma forma tão lenta que a própria Organização das Nações Unidas diz que, se continuarmos neste registo só vamos atingir a igualdade de género – que é o objetivo do desenvolvimento sustentável número 5 para 2030 – daqui a 300 anos”.

O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer.